sábado, 29 de abril de 2017

Relato de campo: o dueto Street Blues de São Paulo



Dois integrantes. Apenas dois é o suficiente para apresentar um Blues consistente.

Street Blues é um dueto formado pelo guitarrista e vocalista Rodrigo Battello e o gaitista e baterista Leandro "Street Blues" (que toca os dois instrumentos ao mesmo tempo).

O dueto se apresentou hoje, dia 29/04/2017, no SESC Campinas e apresentou clássicos do Blues, Ragtime e Country com músicas de John Lee Hooker, Johnny Cash e Muddy Waters - quase uma homenagem à música popular norte-americana. Apesar dos equipamentos de som do SESC não ser dos melhores (a guitarra estava muito baixa) - deu pra perceber que a dupla consegue fazer um som ao mesmo tempo minimalista e encorpado.

Pra quem quiser conhecer mais da banda:

https://www.facebook.com/street.blues/
https://www.youtube.com/channel/UCoNcRpb5ERK9o657tqAUd5A


Contato para shows: (11) 2059-9020 / (11) 95052.6254
Email: leandro.streetblues@gmail.com

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Milestones (1958) - Miles Davis


Milestones é considerado um disco preparatório para o revolucionário Kind of Blue (1959) e, junto com este, tido como um disco basilar para tanto para o desenvolvimento do Jazz, quanto para sintetizar o estilo nos anos 50.
É quase imperativo que você escute um e outro em sequência, pois ambos formam um par. A música Milestones (ou Miles, nas primeiras versões desse disco), desse disco, é a primeira incursão de Miles Davis nas experimentações de Jazz Modal - que seriam desenvolvidas e sacralizadas em Kind of Blue.

As comparações com Kind of Blue são inevitáveis, tanto por apresentar Miles numa mesma linha de composição - quanto por enfatizar a presença de John Coltrane no grupo.
No entanto, não ache que este disco vive a sombra de Kind of Blue. Geralmente, as pessoas que escutaram Kind of Blue primeiro e, depois, perseguem este disco, notam uma outra atmosfera ainda nesse mesmo universo. Milestones é muito mais enérgico que Kind of Blue. O disco é uma mistura de Blues, Bebop, Post-Bop e uma linha de Jazz Modal - permeada por um swing bastante agressivo.


O sexteto desse disco é composto por Miles Davis, que toca trompete e piano na música Sid's Ahead, Julian Adderley (Cannonball) que toca saxofone alto, John Coltrane, como mencionado, no saxofone tenor, Red Garland no piano, Paul Chambers no contrabaixo (nesse disco ele varia entre o pizzicato e o arco) e, finalmente, Philly Joe Jones.

Sid's Ahead e lado de Milestones são as únicas músicas compostas por Miles Davis no disco.

A primeira música é um bepop acelerado Dr. Jackle (ou Dr. Jekyll) - composição do saxofonista Jackie McLean) - evidenciando desde já a capacidade técnica de Miles Davis e seu time.
Two Bass Hit, última música do "lado A", é uma composição de John Lewis e Dizzy Gillespie).
Billy Boy é uma composição do pianista Ahmad Jamal e Straight, No Chaser é uma composição do pianista Thelonious Monk; Red Garland os homenageia com bastante desenvoltura.



sábado, 8 de abril de 2017

Brilliant Corners (1957) - Thelonious Monk



Terceiro trabalho de Thelonious Monk na Riverside Records e o primeiro, neste selo, a ter suas próprias músicas.
Considerada uma obra-prima de Monk e um dos discos mais importantes do Jazz, sendo crucial no desenvolvimento do Jazz moderno, Brilliant Corners um pouco difícil nas primeiras ouvidas, mas que se torna completamente viciante depois de um tempo.

O disco foi gravado em três sessões de 1956 com dois diferentes quintetos.

Ba-lue Bolivar Ba-lues-Are e Pannonica, que Monk toca uma celesta, foi gravada em nove de outubro com os saxofonistas Ernie Henry e Sonny Rollins, o baixista Oscar Pettiford, e o baterista Max Roach.

As outras faixas Paul Chambers estava no baixo e o trompetista Clark Terry entra no lugar do saxofonista Ernie Henry.

Se você não conhece bem Thelonious Monk, não recomendo este disco. Se acostume com o pianista pegando algumas compilações como "Genius of Modern Music" da Blue Note e The Unique Thelonious Monk - que são discos repletos de standards.

A música que abre o disco é uma das composições mais difíceis do Jazz. Para gravá-la foi necessária uma dúzia de takes e a versão final do disco foi editada com três deles.

Algumas dessas sessões duravam 4 horas. Isso causava tensão entre ele e o saxofonista Enrie Henry e o baixista Oscar Pettiford.

Se você conseguir passar dessa música excepcional, já se considere um "iniciado" em Thelonious Monk.

Caso contrário, tente as próximas faixas. Ba-lue Bolivar Ba-lues-are, segunda faixa do disco, é uma belíssima e relaxante improvisação de 13 minutos, repleta de groove.

A próxima música, a balada Pannonica, é impossível não gostar. Uma música encantadora onde Monk toca celesta.
Ela é dedicada a "Baronesa do Jazz", Kathleen Annie Pannonica de Koenigswarter. Uma mulher da família Rothschild que largou tudo para virar patrona de muitos músicos proeminentes de Jazz como Monk (o qual tinha uma verdadeira adoração), Charlie Parker, Mary Lou Williams e outros.


Aliás, Ba-lue Bolivar Ba-lues-are - o título da segunda música do disco - é uma brincadeira em cima da pronúncia exagerada de Monk ao falar Blue Bolivar Blues, referente aos gracejos que Pannonica fazia dele. Refere-se, aqui, ao hotel Bolivar, onde a baronesa do Jazz residia.

I Surrender, Dear é um standard de jazz - a única faixa desse disco que não foi composta por Monk, mas por Harry Barris - um rapaz branco de nova-iorque, da primeira safra do Jazz (sim, a primeira safra do Jazz era repleta de brancos).

Bemsha Swing é uma composição de Monk e Denzil Best que lembra as big bands. Excelente faixa.